sobre a NAVEGAÇÃO MÉDIO TIETê

Diário de Bordo

Todos navios, no mundo todo, possuem o “Diário de Bordo”. Nele, são registrados: número da viagem, condições do tempo, destino, horários de partida e chegada, número de tripulantes e passageiros.
Nossos Diários apontam que: “ao longo desses 50 anos, mais de dez milhões de pessoas estivam a bordo dos nossos navios”. Sem dúvida, uma soma expressiva. Para nós, mais gratificante ainda, é reencontrar pessoas, famílias que, por inúmeras vezes se fizeram presentes, e continuam dando-nos a honra de suas visitas. Vemos isso como um aferidor do nosso desempenho, e um dos motivos que sempre nos impulsionou na modernização das nossas embarcações, qualificação e treinamento dos nossos tripulantes, e o aprimoramento no atendimento.

O bucólico Tietê
Após protagonizar os memoráveis acontecimentos, por um período de quase 20 anos, houve uma total calmaria. Literalmente o Tietê se tornara bucólico, servindo apenas de paisagem, contemplação e inspiração para poesias, encontros e romances que aconteciam a cada majestoso e inigualável por do sol. Em Barra Bonita, como exemplo, uma cidade praticamente debruçada sobre o rio, com uma população acostumada com o vai e vem dos navios da Sorocabana, seu apitos, a movimentação que existia, o que restara foi apenas saudade, e alguns batelões utilizados para extração e transporte de areia, e raros botes de madeira utilizados para as não menos bucólicas pescarias.
Entre os anos de 1873 até meados de 1950, época pujante da cafeicultura, os rios Tietê e Piracicaba viveram o auge da navegação a vapor. Havia vários navios, portos e estações ferroviárias onde se fazia o transbordo do café e outros produtos agrícolas que eram enviados para o porto de Santos. Durante esse período, a navegação a vapor dispunha de um trecho navegável que ia desde a região de Piracicaba, até o Salto de Avanhandava, já no extremo oeste do Estado. Eram tempos difíceis, poucas e rudimentar eram as estradas, e o rio era o meio mais eficaz para o escoamento dos produtos agrícolas das muitas fazendas espalhadas pela região central do Estado. E o Tietê, quando outrora contribuiu para o desbravamento e a colonização do oeste brasileiro, mais uma vez foi de vital importância para o desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo e do País.

Por estar localizada no meio, no centro do antigo trecho navegável, ou seja, entre os portos da região de Piracicaba e Salto de Avanhandava, e por possuir de um ramal ferroviário, Barra Bonita, também viveu o ápice da navegação a vapor. Atualmente, onde se encontra instalado o Hotel Beira-Rio, funcionava o movimentado porto da Estação Sorocabana, empresa proprietária da linha férrea, e dos famosos navios, Visconde de Itu, Souza Queiroz, e outros menores, menos conhecidos Com a expansão da cafeicultura, e com o inicio da cultura canavieira, novas estradas foram abertas, tornando o escoamento dos produtos agrícolas até a estação ferroviária mais prático, mais rápido, e aos poucos, a então pujante navegação a vapor, foi perdendo espaço, culminando com sua total desativação em meados de 1950. Outro fator que contribuiu para sua desativação, foi o inicio das obras da construção das hidrelétricas de Barra Bonita, Bariri, e outras que foram posteriormente construídas. Esse período de navegação a vapor, que perdurou por quase 70 anos, deixou de existir. Só a partir de 1973, após conclusão das dez eclusas existentes nos rios Tietê e Paraná, a navegação de carga, de longo curso é retomada, desta vez, por grandes e modernas embarcações.